Instituto Origem
Um processo de reflexão baseado em tudo que vivemos e sobre as necessidades que tivemos dentro da nossa longa trajetória. Foi assim que nasceu o Instituto Origem: onde a simplicidade dita o estilo de vida e nos mostra a verdadeira essência das pequenas, porém, grandiosas coisas.
A oportunidade para plantar e colher, observar o céu e os animais, a mudança das estações. Dedicar nosso precioso tempo ao que temos de mais valioso: a nossa vida, nosso corpo, nossa saúde, a natureza. Um mergulho dentro de nós, o autoconhecimento que nos leva cada vez mais a acreditar que estamos no caminho certo. Descobrir quais sentimentos nos limitam, os desejos que nos foram impingidos por vivermos numa sociedade onde predomina a cultura de consumo e, por fim, nos integrarmos, nos contentando, sendo felizes e agradecidos com o fato apenas de estarmos vivos.
Essa busca nos trouxe até a cidade de São Thomé das Letras no sul de Minas Gerais, com muitas cachoeiras, montanhas e pessoas que também procuravam um modo de vida semelhante ao que estávamos procurando. O universo conspirou a favor, os ventos sopraram para nossa direção e conseguimos um sítio na área rural da cidade. Um lugar calmo com uma majestosa cachoeira nos limites da propriedade. Tudo como sempre planejamos. Iniciava ali uma ótima oportunidade para realizarmos nossos sonhos.
Porém nossos desejos esbarraram com as primeiras dificuldades. Vínhamos de uma área urbana, educados em uma cultura totalmente diferente e, atualmente, até mesmo ultrapassada por questões óbvias de sustentabilidade e preocupação com o mundo que vivemos. Surgem as primeiras limitações de quem não sabia plantar, construir, preparar alimentos que suprissem a verdadeira necessidade nutricional e sem recursos financeiros para desenvolver tudo isso.
Desistir não estava em nossos planos e partimos para outras atividades profissionais, ligadas ao ramo de alimentação, o que nos permitiu ao longo dos anos nos estruturar e preparar para o que vivemos atualmente aqui no sítio.
Neste período, começamos então a procurar dentro e fora do Brasil instrutores de referência e cursos voltados para Bioarquitetura (projetos arquitetônicos utilizando materiais naturais), Permacultura (cultura que engloba métodos holísticos para planejar, atualizar e manter sistemas de escala humana como jardins, vilas, aldeias e comunidades que sejam ambientalmente sustentáveis, socialmente justas e financeiramente viáveis), Sistemas A agroflorestais (produção de alimentos orgânicos consorciados com a criação de florestas e recursos naturais) e Alimentação Inteligente (produção de alimentos que, além de saborosos respeitam o meio ambiente, os animais e utilizam formas de preparação que conservam todo o seu potencial nutritivo).
À medida que aprendíamos, aplicávamos em nosso sítio. E assim surgiu o projeto da nossa casa que foi executada com a ajuda de amigos se tornando uma produtora de alimentos orgânicos certificados e, modéstia à parte, deliciosos.
Ao olharmos para o passado, constatamos como tudo teria sido mais fácil, inicialmente, caso houvesse esse embasamento. Mas tudo é aprendizado. Nossa trajetória também nos mostrou e nos fez compreender parte dos diversos problemas da sociedade moderna, decorrentes do êxodo rural, que teve início com a chamada revolução industrial. Quando migramos do campo para os centros urbanos, perdemos também com isso parte dos costumes, da autonomia e da sabedoria herdada de gerações passadas. Hoje colhemos os efeitos deste processo. Onde antes havia uma alimentação saudável, hoje há alimentos processados, produzidos com agrotóxicos, fertilizantes químicos, conservantes e corantes artificiais. A arquitetura vernacular, orgânica, feita com recursos do próprio ambiente, foi substituída por edificações apertadas, feitas com materiais tóxicos. A água pura colhida de nascentes, hoje é encanada e tratada com substâncias químicas. Um dos efeitos da aglomeração de pessoas em cidades foi a necessidade de produção de alimentos em escalas industriais, utilizando-se técnicas que poluem os rios, degrada florestas e prejudica diversas formas de vida com os venenos da produção. Ao consumirmos muito dos recursos naturais, devolvemos pouco e contribuímos com a sua degradação, ou seja, destruindo o que temos de mais precioso. Os recursos naturais estão cada vez mais escassos e corremos contra o tempo para evitar um colapso. As principais vítimas desse caos? Nós mesmos!
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