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Crescimento do veganismo impulsiona mineira OnVeg

27 de agosto de 2022| Valor Econômico | Agronegócios

Companhia produz pastas de castanhas, chocolates artesanais, pasta de amendoim orgânica e beiju.

Magia, energia e natureza são as palavras que descrevem a cidade de São Thomé das Letras, em Minas Gerais, em qualquer pesquisa de internet. Na década de 1970, a fama de local místico fez do município um centro de convivência de hippies e pessoas em busca de vida alternativa. Muitos anos depois, em 2005, Ramon Senra e Bruna Reis de Carvalho estavam nessa “vibe” quando decidiram deixar a também mineira Congonhas para viver em São Thomé. A ideia era plantar a própria comida e viver em harmonia com a natureza em casas que eles mesmos construiriam, mas ela esbarrou em um problema: o casal não entendia nada de cultivo ou de construção.

Urbanos, educados em uma cultura diferente, os dois não se deram por vencidos e hoje cuidam da OnVeg, empresa que produz pastas de castanhas, chocolates artesanais com cacau regenerativo, pasta de amendoim orgânica e beiju, um derivado da mandioca. O sucesso da empresa, fundada em 2016, fica evidente no crescimento de sua receita, que dobrou entre 2019 e 2021, passando de R$ 360 mil para R$ 720 mil nesse intervalo.

Com projeção de crescer 25% neste ano, a marca apoia-se na expansão do veganismo, um movimento puxado pela busca dos consumidores por alimentos mais saudáveis, que se intensificou na pandemia de covid-19. “Os consumidores querem produtos melhores, orgânicos, livres de aditivos químicos, para cuidar mais da saúde e do bem-estar”, acredita Senra, porta-voz da empresa.

Instituto Origem

A OnVeg é resultado da necessidade de captação de recursos do Instituto Origem, organização sem fins lucrativos que o casal e um grupo de amigos criaram em 2012 para atuar no resgate da agricultura em conexão com a natureza. “É um projeto que trabalha educação ambiental, horta orgânica, construções naturais e geração de emprego e renda para os habitantes de São Thomé”, diz Senra.

Ele conta que foi preciso estudar e buscar dentro e fora do Brasil instrutores de referência e cursos sobre bioarquitetura (que usa materiais naturais), permacultura (método holístico para planejar e manter sistemas ambientalmente sustentáveis), sistemas agroflorestais e alimentação inteligente (produção que respeita o meio ambiente e que adota formas de preparo que conserva o potencial nutritivo). Todo o conhecimento era colocado em prática no sítio.

Sementes crioulas

Um dos projetos de sucesso foi o resgate de sementes crioulas, doadas a produtores que fazem parte da associação de orgânicos. As colheitas voltam para OnVeg, que as processa lentamente, em baixas temperaturas, para manter os nutrientes e criar as pastas orgânicas.

Outra iniciativa foi o resgate do beiju, um derivado da mandioca similar à tapioca, mas que é considerado mais saudável. “Queremos resgatar a cultura que se perdeu quando começamos a comer trigo em vez da raiz indígena de mandioca”, afirma Senra.

Hoje, Senra, Bruna e outras sete pessoas vivem em comunidade na sede do instituto. Quinze pessoas integram a equipe, que tem em seu entorno todos os outros produtores da região.

Até recentemente, os produtos OnVeg chegavam apenas a empórios e pequenos comércios do Sudeste e Distrito Federal. Agora, com as vendas pela internet, as entregas já ocorrem em todo o Brasil.


Sobre o autor

Fernanda Pressinott

Repórter no Valor Econômico S/A, Fernanda Pressinott de Vasconcelos nasceu em 7 de julho de 1976, em Santos, SP. Em 1999, concluiu Comunicação Social com habilitação em Jornalismo na Fiam/FMU, em São Paulo, SP. Fez especialização em Economia na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e MBA em derivativos e finanças na Fundação Instituto de Administração (FIA).